O papel do afeto no atendimento da Assistência Social
O papel do afeto no atendimento da Assistência Social é um tema que, embora bem explorado, ainda tem enorme relevância a ser pauta de reflexão, de formação, e sobretudo, de todas as práticas desenvolvidas nas Instituições, nos órgãos públicos, nas faculdades, universidades e nas ações desenvolvidas no terceiro setor como um todo.
É natural pensarmos que o afeto em si, é uma atitude inerente ao perfil de todos os Profissionais do Serviço Social, porém, se passarmos uma lupa nesse verbete [afeto] vamos perceber o qual complexa pode ser a análise de qual entendimento poderá nortear o dia a dia na Assistência Social.
Dra. Diva Spezia Ranghetti, pesquisadora pela PUC-SP, estudou o verbete junto à equipe de estudos interdisciplinares, e com ela podemos fazer algumas prévias acepções:
1- O afeto diz respeito à capacidade humana de afetar e ser afetado pelo outro, pode ser no sentido positivo ou negativo, e essa interpretação dependerá da imbricada rede de interpretações que cada um carrega consigo.
2- A afetividade no sentido positivo e enquanto atitude acolhedora, manifesta-se na expressão, no gesto, na comunicação, no olhar, na escuta, na capacidade de ouvir e perceber o outro.
3- O afeto, depende da capacidade de o profissional ter desenvolvido habilidades sócio emocionais que lhes permitam desenvolver sensibilidade e empatia.
4- O afeto pode ser uma ferramenta importante de aproximação, de criação de vínculos importantes de confiança – sem confiança, não há trabalho que se desenvolva na Assistência Social.
5- O afeto, do ponto de vista da neurociência, é importante para o desenvolvimento de construtos organizadores importantes para a vida toda e é importante que seja uma oportunidade vivenciada desde a infância como sempre diz o neuropsicólogo colaborador da OMS – Organização Mundial da Saúde, Dr. Alvaro Bilbao ““Se a criança, nos seis primeiros anos, não tiver a oportunidade de experimentar o mundo, descobrir as coisas, se não receber afeto, (…) se não se comunicar, o cérebro terá carências que podem durar toda a vida.”
6- E por último, a clareza de que a afetividade é atitude e comportamento aprendido nas relações que estabelecemos durante a vida e cada pessoa, em sua singular trilha de aprendizagem, poderá a vida toda continuar a aprender mais sobre si, sobre suas emoções, sobre como poderá nesse processo de autoconhecimento, interagir e se colocar no papel de quem, profissionalmente terá a responsabilidade da defesa dos direitos das pessoas vulneráveis.
Contudo, a afetividade, é um exercício diário, que pressupõe humildade e revela em nós a nossa humanidade.